[Artigo] Gestão do Estresse no Mundo Corporativo

Nos últimos anos o estresse no trabalho vem ganhando cada vez mais atenção. Isto ocorre pois estudos vêm demonstrando que elevados níveis de estresse estão ligados a altos índices de abstinência além de uma forte relação entre várias doenças como a obesidade (Obesidade e Estresse Scielo 2011), doenças cardíacas, Síndrome de Adaptação Geral e Burnout (esta última incluída na 11a Revisão da Classificação Internacional de Doenças ONU (CD-11))

O excesso de trabalho, pressão por resultado, falta de contato social com poucos momentos de relaxamento e lazer, vem criando um ambiente favorável a estes distúrbios, conforme demonstrado em muitas publicações científicas no Brasil e no mundo (Estresse e Bem Estar no Trabalho)

Este quadro tem tirado o sono da alta direção das empresas, principalmente dos gestores de RH, pois um líder estressado além de sofrer acaba permeando seus sentimentos e estado mental dos pares e subordinados causando prejuízo emocional a todos ao seu entorno.    

É bom esclarecer que o estresse faz parte da vida e no mundo corporativo, não poderia ser diferente. Os desafios são importantes para o aprimoramento das pessoas e organização. Quando bem dosado, o estresse gera bons resultados como podemos ver pelo gráfico da Lei de Yerkes Dodson. Importante observar que para atividades mais simples (exigência de pouca cognição) um maior grau de estresse gera resultados melhores, porém, para atividades mais complexas (neste caso a grande maioria dos casos no mundo corporativo), níveis muito elevados de estresse geram queda de performance, e por períodos prolongados ansiedade, frustração e até doenças como já comentamos anteriormente.

(Lei original de Yerkes-Dodson)

Outra questão importante é que o estresse é uma percepção individual, ou seja, em uma mesma situação vivenciada por várias pessoas, cada uma terá uma resposta diferente ao estresse, algumas pessoas podem surtar enquanto outras sequer se sentem estressadas. Um estudo realizado em 2017 pelo Departamento de Medicina Preventiva da USP, avaliou o estresse em 450 trabalhadores da área da Saúde, distribuídos em 60 equipes e concluiu que  “ a percepção de estresse na população estudada está associada a fatores individuais, profissionais, e à composição das equipes nas unidades básicas de saúde”

A prática de atividades físicas, bons hábitos alimentares, dormir bem, boas relações sociais, tudo isso com equilíbrio têm se mostrado eficiente no combate ao estresse. 

A tecnologia trouxe às empresas acesso a vários serviços de monitoramento da atividade dos colaboradores para evitar jornadas exaustivas, por exemplo. Além disso, hoje as empresas podem implantar programas de promoção à saúde dando acesso aos trabalhadores a academias de ginástica e educação alimentar, por exemplo. Muitas companhias têm criado espaços de descanso para reduzir a pressão do trabalho ou áreas de socialização com jogos e acesso a comida saudável. Tudo isso contribui para ajudar pessoas e empresas a enfrentar o estresse, de forma bastante concreta, porém creio que o grande desafio é identificar quando as coisas estão saindo do controle. O que antigamente era simples para o gestor de RH, como uma caminhada no departamento para sentir o clima, hoje esta prática está cada vez mais difícil nas grandes corporações e o trabalho em home office. A pesquisa de clima é uma ferramenta interessante e diversas soluções tecnológicas permitem avaliações mais baratas e frequentes possibilitando um diagnóstico e intervenção.

Além dos mecanismos que elencamos acima, creio que vale a pena refletirmos sobre o papel do líder na gestão do estresse em seu time. Este estudo de ressonância magnética em líderes, realizado por Boyatzis e colaboradores-2012  identificou persistência de atividade cerebral nas regiões associadas a emoções positivas em líderes ressonantes (aquele que estimula emoções positivas nas pessoas e as leva a estados emocionais mais produtivos, aumentando o nível de felicidade, senso de pertencimento, engajamento, resiliência e desempenho). Para líderes dissonantes houve um aumento da atividade cerebral nas áreas associadas a emoções negativas. Entendendo que o estado emocional do líder pode influenciar seu time, promover e desenvolver pessoas com características ressonantes como: autoconhecimento, autogerenciamento, controle emocional, adaptabilidade e consciência social, podem contribuir para um melhor desempenho, assim como promover um ambiente corporativo saudável mesmo enfrentando situações estressoras. 

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